- Como já dizia o maestro Heitor Villa-Lobos, "um povo que sabe cantar está a um passo da felicidade. É preciso ensinar o mundo inteiro a cantar". A opinião do maestro é compartilhada por pais e professores que conhecem a importância da música (e das artes em geral) na vida das crianças.
Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, criar brinquedos rítmicos são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela música, além de propiciar a vivência de elementos dessa linguagem. "A musicalização infantil iniciada desde cedo, contribui para o desenvolvimento da sensibilidade, do equilíbrio interior, do raciocínio lógico, do agir e reagir, além de uma intensa sensação de prazer", diz a proprietária do Instituto Musical Heitor Villa-Lobos, Marinete Capóssoli.
Receptivas e curiosas, as crianças descobrem sons e instrumentos musicais nas brincadeiras. O ensino musical de forma contínua desenvolve também a reflexão, a concentração e a disciplina. Não existe uma idade determinada para aprender a tocar um instrumento musical ou a cantar, mas especialistas revelam que o contato pode ocorrer a partir dos dois anos e meio. "Algumas crianças já nascem com o lado musical mais aflorado, desde pequenas já gostam de música e querem reproduzir os sons. Outros estão com esse desejo guardado e precisam de um incentivo para descobrir. Na verdade não existe uma idade correta, o que importa é o desejo de aprender e o bem-estar causado pela música, seja em que idade for", avalia a sócia-proprietária do Conservatório Musical Santa Cecília, Valéria Costa Yarid Righi.
O ensino musical melhora a coordenação motora, a atenção, a capacidade de fixação e desenvolve o raciocínio rápido nas crianças. "A musicalização considera toda a fantasia do sentir, interiorizar e fazer", afirma Marinete.
A didática do ensino musical engloba recursos lúdicos, jogos, cores e brincadeiras desenvolvendo o ladro sensorial das crianças com a música. "Nas primeiras aulas, apresentamos a música através do contato com instrumentos como tambor, chocalho, triângulo, violão, piano e flauta. Conforme vão crescendo, os alunos se definem por um instrumento preferido.", ressaltou Valéria.
EDUCAÇÃO MUSICAL - O ensino da música no país começou a ser realizado nos colégios religiosos de antigamente, que trouxeram esse costume dos corais de igrejas. O grande incentivo veio com o Canto Orfeônico, implantado em 1930 pelo maestro Heitor Villa-Lobos. O projeto foi apoiado pelo então presidente da época Getúlio Vargas, que reuniu 40 mil vozes em uma apresentação no estádio São Januário, no Rio de Janeiro. Com o fim da era Vargas, em 1945, e a morte do maestro Villa-Lobos, em 1959, as iniciativas musicais na educação básica nacional foram praticamente nulas. Em 1971, o governo militar instituiu a obrigatoriedade da educação artística, juntando os conteúdos de artes cênicas, plásticas e música em uma única matéria. Somente em 1996, com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) foi determinada a separação das disciplinas, porém a legislação não explica como isso deve ser feito, nem estipula carga horária e obrigatoriedade.